terça-feira, 21 de dezembro de 2010

SOBRE 2011

ANO EUROPEU DO VOLUNTARIADO

Na entrada para o Ano Europeu do Voluntariado, queremos apontar que todo o trabalho, antes e durante 2010, para a criação, administração e dinamização da ANIMUSIC, tem sido feito sem qualquer remuneração, em regime de total dedicação voluntária dos seus membros. As despesas decorrentes dos projectos realizados em 2010, independentemente da investigação executada ao longo dos últimos anos, têm sido oferecidas pelos membros da Direcção e pelos organismos associados, caso da UnIMeM, que contribuiu, através do apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, para a primeira Oficina de Instrumentos Pré-Históricos organizada em Portugal (ver anúncio de Setembro) e para o Simpósio Interdisciplinar 2010 (ver anúncio de Outubro). Os relatórios de contas e das actividades, bem como o plano para 2011, será disponibilizado online no sítio da ANIMUSIC (a ser criado).

Desejamos os melhores votos para o desenvolvimento da organologia em Portugal.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Portugueses e alemães

Instrumentos entre Portugal-Alemanha


Galeria no Musikinstrumenten Museum - Markneukirchen


Está a ser desenvolvido um trabalho sobre a relação entre construtores e instrumentos de Portugal e Alemanha através da colaboração com a Universidade de Ciências Aplicadas de Zwickau e os Professores Eberhard Meinel e Andreas Michel. Os instrumentos portugueses existentes no Musikinstrumenten Museum em Markneukirchen, com o apoio da Directora Heidrun Eichler, estão a ser analisados, bem como os seus "primos" alemães, num estudo comparativo.

utilizando um FFT-Analyzer

Prof. Dr. Eberhard Meinel

 




 
 



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Fundação para a Ciência e a Tecnologia//POPH do QREN e FSE  (BPD)


sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Organologia no seu melhor

O "Institut für Musikinstrumentenbau" na Alemanha

A ANIMUSIC tem visitado diversas instituições europeias na preparação da próxima publicação, Panorama sobre a investigação e as colecções europeias e norte-americanas de instrumentos musicais (BPD da Fundação para a Ciência e a Tecnologia). A recepção tem sido extraordinária, tendo-se observado, para além dos espaços públicos, equipamento e instalações dos bastidores, em que se incluem as oficinas e as reservas (algumas em edifícios distanciados do museu principal, pelo que ainda mais agradecemos a disponibilidade que os técnicos nos têm oferecido, muitas vezes até fora do horário normal de funcionamento das instituições).


Por outro lado, estabelecem-se parcerias com entidades dedicadas à investigação organológica no sentido de se promover esta ciência em Portugal, sendo de destacar o Institut für Musikinstrumentenbau e nomeadamente os Engenheiros Dr. Gunter Ziegenhals e Holger Schiema. Funcionando num edifício amplo, possui numerosas salas adequadas a diferentes funções e equipamento especializado na análise e medições de instrumentos musicais. Note-se que a maioria dos aparelhos, e mesmo a câmara anecóica, foram concebidos e construídos no Instituto, onde existem também oficinas com máquinas próprias para os distintos materiais. Eis uma pequena selecção de imagens que poderão mostrar o tipo de trabalho que se executa na nossa área de investigação:





















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Fundação para a Ciência e a Tecnologia//POPH do QREN e FSE  (BPD)

sábado, 20 de novembro de 2010

ANIMUSIC marcou presença no México

A participação da ANIMUSIC no congresso "2nd Pan-American/Iberian Meeting on Acoustics", que se realizou de 15 a 19 de Novembro 2010 (http://asa.aip.org/cancun/calendar.pdf), em Cancun, da Acoustical Society of America (ASA), foi seleccionada, entre mais de um milhar de comunicações, para ser publicada na World Wide Press Room: «The Acoustical Society of America (ASA) World Wide Press Room was created by the ASA Public Relations Committee to provide efficient dissemination of information regarding the Society and the field of acoustics to the news media, science writers, and other interested parties.» Procura-se dar a conhecer a investigação de uma forma acessível, sendo divulgada pelo jornalismo científico.

No convite para a escrita do artigo em "linguagem comum" ou "não técnica", Devin Powell (science writer do American Institut of Physics, referiu que: «Our team of writers combed through the abstracts for this meeting and selected your paper as one that is potentially interesting and noteworthy to science reporters and their audiences. [...] At each meeting, a few dozen speakers are invited to write lay-language papers. The papers, posted on ASA's "World Wide Press Room" (www.acoustics.org/press), are read by reporters at news outlets such as the New York Times, NPR, New Scientist, Discover, and Nature News. They are made publicly available before, during, and after the meeting for website visitors to appreciate and to use as the basis for writing newspaper and magazine articles. We plan to highlight your paper in a special section devoted to Pan American/Iberian science and targeted to reporters in the Spanish/Portuguese-speaking world.»

Foi assim publicado o artigo, em português, que poderá ser consultado em: http://www.acoustics.org/press/160th/bastos.htm

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Fundação para a Ciência e a Tecnologia//POPH do QREN e FSE  (BPD)

domingo, 24 de outubro de 2010

Simpósio Interdisciplinar 2010


Comemorações do Centenário da Primeira República

Seguindo um dos propósitos dos estatutos da ANIMUSIC, promovemos iniciativas que façam convergir diferentes áreas do conhecimento. Neste sentido fez-se uma proposta à UnIMeM, Unidade de Investigação em Música e Musicologia da Universidade de Évora, e organizou-se um Simpósio Interdisciplinar, este ano com o tema "No centenário da Primeira República", integrando-nos assim nas comemorações do centenário. Foi realizado no dia 23 de Outubro de 2010, no Auditório do Colégio Mateus de Aranda, Rua do Raimundo, com o seguinte programa:

10:00   Abertura do Simpósio "No centenário da Primeira República"

Boas-vindas por Benoît Gibson (UnIMeM-Universidade de Évora)

Apresentação do Simpósio por Vanda de Sá  (UnIMeM-Universidade de Évora) 

10:30   Música nos salões da Primeira República, conferência-concerto por Patrícia Lopes Bastos (ANIMUSIC/UnIMeM-Universidade de Évora)
Patrícia Lopes Bastos

11:00   Ideologia e prática: o conceito e desenvolvimento das bibliotecas públicas por Henrique Barreto Nunes (Universidade do Minho, Braga)
Henrique Barreto Nunes


12:00   A República no Humor por Osvaldo Macedo de Sousa (Humorgrafe, Lisboa)

Osvaldo Macedo de Sousa

12:30  Novo século, novos instrumentos por Cristina Bordas (Universidade Complutense de Madrid)

Cristina Bordas
13:00   Almoço
Almoço-convívio no Forum Eugénio de Almeida
14:30   A questão religiosa na Primeira República por Frei Geraldo Coelho Dias (Universidade do Porto)
Frei Geraldo Coelho Dias
15:00   Acção proto-sindical e controlo monopolístico: a Irmandade de Santa Cecília
no primeiro liberalismo por Francesco Esposito (CESEM, FCSH - Universidade Nova de Lisboa)

Francesco Esposito
15:30   Mulheres, educação e sociedade – discursos femininos na Primeira República por Maria João Mogarro e Olga Ribeiro (ESE-Instituto Politécnico de Portalegre / Câmara Municipal de Portalegre)

Maria João Mogarro
 

Olga Ribeiro











16:15   Pausa-café

16:30   Crítica musical nas primeiras décadas do século por Maria José Artiaga (CEEM, Lisboa)

Maria José Artiaga
17:00   O Museu da Música na Primeira República por Victor Palma (Museu da Música, Lisboa)

Victor Palma
17:30   Apresentação do projecto “Sons da República” por Paulo Lima e José Moças (Tradisom World Music)

Paulo Lima e José Moças
18:30   Encerramento do Simpósio


Um agradecimento especial a Regina Gonçalves Branco pelo seu apoio logístico, composição do cartaz, divulgação do simpósio e simpatia!

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UnIMeM - Fundação para a Ciência e a Tecnologia


quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Novas "visualizações" em Barcelona

Congresso sobre Iconografia Musical

Aproveitámos o trabalho que efectuámos em Barcelona, relativo ao estudo das colecções existentes e de diferentes processos museológicos aplicados aos instrumentos musicais, para assistirmos ao congresso sobre iconografia musical (http://scmus.iec.cat/filial/ViewPage.action?siteNodeId=182&languageId=1&contentId=-1 ), que decorreu de 4 a 6 de Outubro de 2010, organizado por Jordi Ballester.

O programa pode ser consultado em:
http://scmus.iec.cat/filial/digitalAssets/9939_Tr__ptic_Congr__s_definitiu.pdf


Fotografia do Museu da Música em Barcelona.

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Fundação para a Ciência e a Tecnologia//POPH do QREN e FSE  (BPD)

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Diálogo em Viena

Estudo de acústica em rochas-tambor

A ANIMUSIC esteve presente no congresso Vienna Talk 2010 (http://viennatalk.mdw.ac.at/?page_id=1000&len=gb) em que foi apresentada a metodologia utilizada na investigação que desenvolvemos sobre a sonoridade hipoteticamente aproveitada de rochas pré-históricas com características identificativas. Esta introdução ao trabalho que realizamos sobre as rochas com cavidades foi publicado pela comissão do congresso e o texto, em inglês, pode ser consultado em: http://viennatalk.mdw.ac.at/upload/Pap_01_91_Bastos.pdf .

...sons que se propagam pelos montes...

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Fundação para a Ciência e a Tecnologia//POPH do QREN e FSE  (BPD)
e
Fundação Calouste Gulbenkian

domingo, 12 de setembro de 2010

Oficina de Arqueologia Experimental

Construção de instrumentos musicais segundo modelos pré-históricos

De 6 a 10 de Setembro de 2010 foi realizada a primeira oficina em Portugal de reprodução de objectos musicais do calcolítico encontrados em pesquisas arqueológicas efectuadas na Europa. O sucesso deste trabalho deve-se à fantástica contribuição de François Moser, professor de larga e entusiasta experiência. 


Tudo foi iniciado num feliz encontro, no 5º Congresso de Musicologia Interdisciplinar decorrido em Paris em Outubro de 2009. A partir de Fevereiro foram estabelecidos os contactos com as diferentes instituições que poderiam participar e foi preparado o curso, com a encomenda e compra do material especial necessário. 
 
Em Julho foi feita uma recolha de argila de locais diferentes, sendo analisadas as características próprias de cada filão. Peneirou-se e testou-se a reacção desta argila "natural" à moldagem. Foi também construído um forno de chama directa segundo uma das numerosas técnicas conhecidas utilizando um dos tipos de argila. A intenção é experimentar as diferenças na argila e também demonstrar a maior dificuldade no manuseio da "natural" por oposição à "preparada". Adquiriu-se assim, para facilitar o trabalho com os instrumentos de maior dimensão, uma quantidade suficiente de argila comercial. Entretanto, o Professor Moser iniciou no final de Agosto o seu trajecto desde o noroeste de França até Castelo Branco. Mesmo depois de tudo organizado, e vindo munido de toda uma panóplia de materiais, havia que chegar com a antecipação necessária, uma semana antes, para se proceder aos retoques finais, nomeadamente a escolha das peles, neste que seria o primeiro curso deste género em Portugal.

Andreas Herold

O espaço onde se proporcionou realizar o curso foi numa bela quinta na Serra de S. Mamede (distrito de Portalegre),  gentilmente cedido por Andreas Herold (suíço), cujo empenho e dedicação foram exemplares.


Sala para a parte teórica do curso.
O curso foi reestruturado para se adaptar às condições de trabalho existentes e o tempo ajudou enormemente, pois quase todas as sessões foram efectuadas ao ar livre. O Prof. Moser trouxe de França caixas e caixas com exemplos de variadíssimos instrumentos e utensílios, diversos tipos de materiais e modelos exemplificativos, cartazes sobre procedimentos na (re)construção de instrumentos (baseados nomeadamente em iconografia), livros e arquivos repletos de anos de pesquisa e experimentação, bem como o inseparável computador. A sala preparada com esta profusa exposição provou ser mais útil do que o previsto, pois foi um recurso constante para mostrar as diferentes facetas deste trabalho aos vários interessados que conseguiram visitar ou mesmo frequentar parte da oficina.



Durante os primeiros dois dias (a partir das 16 horas) foram ensinadas técnicas básicas para a modelagem de objectos em argila, tendo-se optado por dois métodos para a construção dos "vasos sem fundo": técnicas de rolinho e de placas. Sempre atento, o Prof. Moser arriscava com segurança os objectos nas mãos dos receosos aprendizes: "faça!". E fizeram-se; às principiantes taças seguiram-se os tambores e até uma pequena trompa (modelo também encontrado na pré-história).




Os objectos eram colocados a secar à medida que se faziam, condição imprescindível para que se conseguisse fazer a cozedura na 5a-feira e terminar o curso na 6a-feira. Aproveitaram-se também estas longas horas de trabalho calmo para se exporem conceitos ligados à arqueologia experimental e à organologia.

Prof. Moser mostra o avanço do forno ao Prof. Sarantopoulos
Com a sincronização perfeita entre músculos (recolha e preparação de argila para o forno de cerca de um metro de diâmetro) e a concepção arquitectónica, conseguiu-se concluir o forno no final do terceiro dia, não sem antes termos tido a ilustre visita de um verdadeiro entusiasta, o arqueólogo Panagiotis Sarantopoulos (grego). Num necessário intervalo, para permitir a secagem do barro que se ia colocando no forno, fomos fazer uma visita a um forno de cerâmica de grandes dimensões que existe nesta quinta (diz-se "romano", mas sem certezas), testemunho da utilização destas terras ricas em argila. Algumas das peças de cerâmica foram feitas precisamente com esta argila, dir-se-ia quase "pronta a usar", sem necessidade de uma grande preparação, como o acréscimo de desengordurante ou um longo (e cansativo) amassar.


Ei-lo, o simpático

A nossa colecção estava pronta para o teste mais duro: a cozedura, no "simpático", durante largas horas. Entre as peças, de barro natural e preparado, estava uma quase-flauta e uma pequena trompa.

Todos para dentro...



Reconhecendo não só que o tempo urgia em relação ao ensino de tantas possíveis técnicas no fabrico das mais variadas coisas, aliada à vontade de conhecer dos participantes, o Prof. Moser apresentava inspiradora e constantemente novas aprendizagens, desde o simples fazer de um fio (explicando o complexo processo de descamação para chegar às fibras com que se constrói) à tecelagem (daí os originais chapéus, estojos e sapatos). Seriam estes os fios utilizados na construção dos tambores, para segurar as peles. Cortaram-se também tiras de pele/couro.

Prepararam-se as peles para no dia seguinte serem colocadas nos tambores, com limpeza e corte segundo o diâmetro dos tambores, o qual depende dos vários feitios dos objectos de barro.

O nosso cuidado com o forno nunca poderia ser excessivo, tal o perigo que corremos com o calor supremo sentido este verão - a lenha ardia com facilidade. Nunca saímos do local. Tínhamos avisado as entidades responsáveis e foi-nos dado um parecer positivo pelos bombeiros de Castelo de Vide. O Prof. Moser observava atentamente o progresso do fogo e foram tomadas todas as precauções (terreno limpo e grande quantidade de água, inclusive com pressão).

Entretanto ouviram-se ruídos... quebrara-se algo. 




E pouco depois, outro estalo. Alguma coisa havia sido afectada.






No dia seguinte a curiosidade avançou, depois de arrefecido o forno:  o 'suspense' era aumentado à medida que se retiravam as peças. Tudo impecável, nem uma havia sido quebrada. Os ruídos tinham sido dos já cacos com que havia sido construído o forno, um em especial na entrada da lenha.


Procedeu-se então à finalização dos tambores. A técnica mais simples, que consiste em esticar a pele sobre um objecto com proeminências, que servem justamente para reter a corda que segura a pele a essas "asas"; é rápida mas exige quatro pessoas. Foram utilizadas três outras técnicas para os objectos lisos, e pode-se ver, na fotografia abaixo, coser-se uma bainha para uma maior resistência à tensão.
Depois de construído um anel de sustentação (com corda revestida de casca de tília), estica-se a pele entre este e a bainha. Construíram-se também tambores duplos, em que as duas peles são cosidas e a tensão criada por afunilamento.











Toda esta semana foi uma experiência única. Para além da aquisição de conhecimento, que envolveu uma série de áreas teóricas e práticas, o grupo de pessoas era excepcional. O convívio foi óptimo, com um arreigado sentido de cooperação e partilha de ideias. Houve visitas várias, e mesmo as pessoas que não puderam participar directamente tentaram ajudar na divulgação deste curso, com especial destaque para Dettlef. Note-se que foi o primeiro curso deste tipo a realizar-se em Portugal, com a colaboração de portugueses e estrangeiros (França, Suíça, Alemanha, Holanda e Grécia) numa actividade inter-cultural. Aqui existiu verdadeiramente um diálogo entre povos num ambiente fabuloso de pessoas sãs. Inesquecível.




Queríamos deixar o nosso profundo agradecimento a todos quantos participaram e contribuíram para que esta Oficina de Arqueologia Experimental sobre Instrumentos Musicais Pré-Históricos fosse uma realidade. Bem-hajam!


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 UnIMeM - Fundação para a Ciência e a Tecnologia